Grande Secretário de Relações Exteriores explica atribuições de seu departamento

O Grande Secretário de Relações Exteriores, Andre Micheloto

A Grande Secretaria de Relações Exteriores da Glesp, entre outras atribuições, é responsável em manter contato direto e frequente com todas as Potências Maçônicas regulares com as quais a Glesp tem relação de amizade e, portanto, reconhecimento mútuo. Além disso, cuida do reconhecimento ou não de tantas outras Potências com as quais a Glesp ainda não tem, porventura, Tratado de Amizade. Para efeitos de Relações Exteriores, portanto, a Glesp somente lida com Potências Maçônicas regulares reconhecidas no Brasil e em outros países.

Desde março de 2024, o irmão Andre Micheloto assumiu o cargo de Grande Secretário de Relações Exteriores. Com 25 anos de jornada maçônica completados em 2023, o irmão Andre Micheloto é obreiro da Loja Elim, 822, Oriente de São Bernardo do Campo, e começou a atuar nas Relações Exteriores em 2007, na gestão do Past Grão-Mestre Francisco Gomes, quando foi nomeado para trabalhar com o então Grande Secretário Alexander Jovanovic, assumindo o cargo de presidente da Comissão de Relações Exteriores, concomitantemente com o cargo de Grande Representante da Grande Loja da Eslovênia perante a Glesp. Nas administrações dos Grão-Mestres seguintes, não participou da Comissão de Relações Exteriores, mas retornou ao cargo na gestão do Sereníssimo Grão-Mestre Jorge Haddad, a convite do então Grande Secretário Vlamir Barbeiro.

Nesta entrevista, o Grande Secretário de Relações Exteriores da Glesp explica um pouco mais sobre o importante trabalho realizado pelo seu departamento.

A Verdade em Destaque: Apesar de ter sido nomeado e empossado há poucos meses, o senhor já tem bastante experiência em Relações Exteriores. Na sua opinião, qual a principal atribuição da Grande Secretaria de relações Exteriores?
André Micheloto:
Eu conheço muito bem todos os meandros dos processos que tramitam aqui na Grande Secretaria de Relações Exteriores, que tem um papel preponderante na manutenção do bem mais precioso de um maçom, que é a regularidade maçônica, porque a regularidade maçônica é que permite que ele se identifique como maçom, que seja reconhecido como maçom.

AVD: Quantos Tratados de Mútuo Reconhecimento a Glesp possui hoje e como eles são efetivados?
AM:
Hoje, temos 237 Tratados de Mútuo Reconhecimento (TMR). Faltam pouquíssimas Potências no mundo, algumas Grandes Lojas Prince Hall, que foram fundadas por irmãos pretos, mas que hoje em dia já são diversificadas. No Brasil, temos TMR com todas as demais Grandes Lojas estaduais e os Grandes Orientes estaduais federados ao Grande Oriente do Brasil (GOB) e também reconhecemos alguns Grandes Orientes independentes associados à Comab. Como a Maçonaria não tem um órgão central, os reconhecimentos são estendidos pela ordem de antiguidade, ou seja, o protocolo maçônico de reconhecimento indica que a Grande Loja ou o Grande Oriente mais novo solicita o reconhecimento para o mais antigo. A Grande Secretaria de Relações Exteriores é um órgão diplomático, é preciso entender todos esses reconhecimentos de novas Potências, a perda de reconhecimento de outras, tudo isso alinhado com o Grão-Mestre e com as outras Potências federadas à CMSB. É preciso ter a consciência de que qualquer movimento que façamos pode estar movendo uma peça errada nesse tabuleiro e, portanto, colocar em risco o nosso reconhecimento, os tratados que temos, os quais não foram reconhecidos de uma hora para a outra.

AVD: Mesmos nos tempos atuais, com os meios digitais de comunicação, ainda é um trabalho difícil a obtenção de TRM?
AM:
Esta sala se chama Irmão Erwin Seignemartin, que foi Grão-Mestre da Glesp e um dos irmãos mais importantes para o tema de Relações Exteriores. Ele avançou muito com os tratados, fez um trabalho hercúleo e incansável de levar o nome da Glesp para o mundo todo, presencialmente. Viajou e fez contatos numa época em que não tinha internet nem WhatsApp, e fincou a bandeira da Glesp no mundo das Potências regulares. Esses tratados não são fáceis de conseguir, tem todo esse jogo político, diplomático, precisa ter parcimônia, insistência, conversar e fazer relacionamentos, entender o momento de cada Potência. Até se firmar um tratado, demora muito tempo.

Depois dos tratados firmados, a outra incumbência da Grande Secretaria de Relações Exteriores é manter esses tratados ativos, fazendo com que ocorra uma comunicação bilateral. Para isso, é necessário ter uma figura central que seja responsável por essa conexão, que é o Grande Representante. Quando o TMR é assinado, recomenda-se ou indica-se um Grande Representante da Potência à qual se estendeu o reconhecimento perante a Glesp, e vice-versa. O Grande Representante segue um protocolo, uma cartilha que conta com as melhores práticas de comunicação com a Potência que ele representa, como por exemplo, modelos de cartas para parabenizar o aniversário da independência do país que ele representa, e com isso vai mantendo a conexão

AVD: Como são escolhidos os Grandes Representantes?
AM:
Um dos pontos que são levados em consideração é a afinidade com o país, mas tem outros quesitos. Antes, era um cargo muito político, indicação do Grão-Mestre ou de algum outro irmão importante na região dele. Mas agora nós mudamos isso, porque muitas vezes assumia o cargo um irmão sem nenhum tato para lidar com o tema Relações Exteriores. Fazendo uma comparação, a Grande Secretaria de Relações Exteriores é como o Itamaraty, que tem o Ministro, que no caso da Maçonaria é o Grande Secretário, e tem os diplomatas, os embaixadores, que são os que ajudam com a diplomacia com os países, que no nosso caso são os Grandes Representantes. Então é um cargo importantíssimo.

A partir da minha administração como Grande Secretário, com o aval e sugestão do Grão-Mestre Jorge Haddad, tivemos a ideia de fazer um processo seletivo para identificar o irmão que pode assumir o cargo de Grande Representante. Então enviamos os pré-requisitos, como o domínio, pelo menos, dos idiomas inglês e/ou espanhol, ser Mestre Instalado, ter alguma afinidade por país ou estado brasileiro, porque temos os Grandes Representantes das Potências estaduais presentes no território brasileiro. Primeiro avaliamos os critérios técnicos para se exercer a função, depois os outros aspectos complementares, como experiências, habilidades, afinidade. Por exemplo, recentemente nomeamos o Grande Representante da Grande Loja da Grécia perante a Glesp, é um irmão que tem proximidade com o país, fala grego, então nós juntamos todos esses fatores. Hoje, o mérito e a capacidade técnica são analisados.

AVD: Esse processo seletivo de Grandes Representantes é constante?
AM:
É cíclico, porque dos 237 TMR que a Glesp mantém, temos Grandes Representantes para pouco mais de 50 Potências, já que existem Grandes Lojas e Grandes Orientes no Brasil e no mundo que não trabalham com o sistema de Grandes Representantes, não têm interesse, então não nomeiam um irmão. Outros não respondem o contato. A Grande Secretaria de Relações Exteriores envia e-mail, manda carta, mas não obtém resposta. Então, estamos organizando uma fila, uma reserva de Grandes Representantes aptos, para que, no momento que conseguirmos fazer as conexões com as Potências Maçônicas regulares com as quais ainda não temos Grandes Representantes firmados, já saibamos qual irmão indicar.

 

 

AVD: O irmão da Glesp só pode visitar lojas que sejam reconhecidas por ela?
AM:
Se ele visitar uma loja irregular, vai ferir o Código de Conduta Maçônica, que está em nossa Constituição, irá descumprir uma lei maçônica e, portanto, estará passível de punição, porque colocará em risco a regularidade da Glesp. Então, cada irmão é responsável pela manutenção da regularidade maçônica, e não apenas a Grande Secretaria de Relações Exteriores. Cada irmão tem a sua responsabilidade a ser cumprida e não pode levar esse tema como algo banal, supérfluo, porque a Glesp levou décadas para construir sua regularidade e seus TMR, em um esforço bastante grande.

AVD: O irmão que deseja viajar a outro país e pretende visitar uma loja maçônica lá, precisa comunicar a Grande Secretaria de Relações Exteriores?
AM:
Hoje, com o aplicativo Amity, o irmão pode consultar todas as Obediências e lojas maçônicas regulares do mundo. No aplicativo da Glesp, acessando a área da Grande Secretaria de Relações Exteriores, o irmão terá bastante informação importante sobre esse tema, tem uma seção de FAQ, com as perguntas mais frequentes, a nossa cartilha com instruções para baixar o Amity, que é gratuito. Quando o irmão vai para o exterior, a primeira coisa que ele precisa ter em mãos é o Good Standing, que é um documento de boa conduta, ou seja, afirma que ele está em dia com suas obrigações de assiduidade e pagamento em sua loja simbólica. O passaporte maçônico é opcional, mas os irmãos gostam de tê-lo para guardar uma recordação da viagem, com carimbo do lugar que visitou. Na cartilha da Grande Secretaria de Relações Exteriores tem todo o procedimento para solicitar. Eu recomendo, também, que o irmão que irá viajar para outro país e pretende visitar lojas maçônicas estrangeiras comunique a Grande Secretaria de Relações Exteriores e informe as localidades para onde vai. Assim, nós estabelecemos uma conexão prévia e fica muito mais confortável para o irmão.

 


Editorial Sereníssimo Grão-Mestre – Maio/Junho 2024

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