Em cumprimento à legislação da Glesp, o Sereníssimo Grão-Mestre Jorge Haddad irá renunciar ao cargo no dia 6 de fevereiro, com o intuito de concorrer à reeleição e ter a oportunidade de seguir à frente da administração da Potência Maçônica paulista durante o triênio 2025-2028. Após quase três anos de mandato, o Grão-Mestre Jorge Haddad, na entrevista a seguir, relata as principais iniciativas de sua gestão, a experiência adquirida ao longo desse tempo e o sentimento de ter comandado a maior Potência Maçônica do
Hemisfério Sul.
A Verdade em Destaque – O senhor está deixando o cargo, após praticamente três anos à frente da Glesp, para concorrer à reeleição. Qual o sentimento que fica por ter sido Grão-Mestre da maior Potência Maçônica do Hemisfério Sul?
Grão-Mestre Jorge Haddad – Chegando ao final de um primeiro mandato, o sentimento que tenho é de crédito à Glesp, de acreditar nessa instituição, de dar um rumo à nossa Potência, de ser muito consciente do trabalho do Grão-Mestre, da função do cargo, e da necessidade de a gerência da instituição funcionar plenamente, não só administrativamente, mas em termos sociais também.
AVD – Antes de assumir o cargo, existia algum tipo de receio em relação ao que o senhor iria encontrar na instituição? Isso se concretizou e atrapalhou em algum momento a sua administração?
GM – A princípio, todos falavam em questões de verdades ocultas existentes e problemas que eu iria encontrar. Eu não nego que esses problemas não existam, pois muitos existiram, mas o que eu sinto sinceramente é que foi um trabalho extremamente necessário e salutar para a instituição, durante o qual melhoramos praticamente todos os pontos em que nos predispusemos a trabalhar. O nosso programa de campanha foi praticamente todo executado, admitimos falhas em alguns pontos, falhas em algumas Secretarias, em algumas Comissões, mas nada que nos impedisse de desempenhar nossos projetos. Algumas poucas situações em que o desempenho não foi pleno, da forma como esperávamos, mas também temos que convir que, da estaca em que nós partimos, o trabalho foi muito grande. Eu só tenho a agradecer ao nosso secretariado, que trabalhou arduamente e foi muito cobrado por mim, e, por conta disso, tivemos alguns embates administrativos. Em relação às Comissões, também só tenho muito a agradecê-las pelo trabalho desempenhado. Promovemos muitas mudanças na administração da Glesp, e, por isso, quero agradecer a todos, principalmente o povo maçônico, pela aceitação dessas mudanças. Literalmente, é necessário que um Poder Legislativo atuante promova uma nova legislação a respeito da legalização de todas as mudanças que fizemos, pois elas ajudaram em muito o encaminhamento dos processos internos e o dinamismo das atuações da Maçonaria.
AVD – Entre essas mudanças, quais o senhor citaria como mais importantes?
GM – Foram muitas grandes mudanças, como a que fizemos na Assembleia Geral, que passou a fluir melhor, tornou-se mais agradável, mais interessante, com muito mais objetividade, com respeito aos horários. Aliás, a mudança da sessão para o período da manhã facilitou a participação dos irmãos, principalmente do Interior do estado; e a utilização do PIX foi outra grande ideia que proporcionou muito mais arrecadação e auxílio aos irmãos e instituições de benemerência pela nossa Bolsa de Beneficência. Na nossa administração, o Fundo de Solidariedade, por exemplo, também aumentou em 181% o auxílio financeiro destinado aos irmãos necessitados. Essas ações reforçam o sentimento de ter sido útil à Maçonaria e, consequentemente, ter sido muito útil à sociedade.
AVD – O senhor mencionou que quase a totalidade do plano de governo foi cumprida e alguns tópicos foram atingidos parcialmente. Esse fato lhe incentivou a concorrer à reeleição ou existem novos projetos que também precisam ser implantados?
GM – Na verdade, além de melhorar bastante oque já fizemos, existem questões de algumas Grandes Secretarias que precisam ser reformuladas, inclusive para que trabalhem plenamente, com mais objetividade. A vontade de disputar a reeleição se dá porque nós simplesmente iniciamos um trabalho, criamos, literalmente, uma nova geração na Glesp, e é necessário que se dê continuidade nesse trabalho para que haja uma consolidação, não somente administrativa, mas uma consolidação ética, de padrões familiares, de atuação na sociedade, de comportamento e de relação com as paramaçônicas, entre outras questões. É importante lembrar que, entre todos os métodos aplicados para o bom andamento da administração, o principal deles foi a independência dos setores da instituição. Primeiramente, imaginamos a total independência entre os três Poderes da Glesp [Executivo, Legislativo e Judiciário], mas depois, aprendemos a dar independência às Grandes Secretarias, e elas se tornaram bastante autônomas e com diversos projetos apresentados; depois, proporcionamos independência às Comissões, nas quais, após um certo tempo, houve a troca de alguns membros, como na Comissão de Solidariedade, e também tivemos uma excelente Comissão de Economia e Finanças, que nos ajudou, nos apoiou, apresentou propostas e foi totalmente independente da administração, assim como a Comissão de Leis e a Comissão de Assuntos Gerais. A
Comissão de Relações Exteriores passou a trabalhar alinhada com os propósitos e interesses da Glesp no que tange os assuntos à ela pertinentes, e também quero ressaltar a Grande Secretaria de Relações Interiores, que heroicamente se adaptou a um novo sistema administrativo, o qual, com o tempo, foi totalmente assimilado e, hoje, é extremamente necessário. Então, existe, sim, a necessidade de continuidade nesse trabalho, e, no caso de uma não reeleição, perderíamos praticamente todo o trabalho já realizado.

AVD – As últimas eleições para Veneráveis Mestres foram as primeiras realmente digitais na história da Glesp. A próxima eleição para Grão-Mestre terá alguma alteração?
GM – As eleições passadas foram digitais, oferecemos às lojas essa oportunidade, e praticamente 95% delas adotaram a iniciativa. Entre essas lojas, tivemos a aprovação praticamente de todas. Elas aceitaram o sistema eleitoral e disseram que funcionou muito bem. Os problemas que ocorreram foram devido a questões administrativas internas das lojas, e não do sistema em si. Já para as eleições deste ano de 2025, o Tribunal Eleitoral Maçônico (TEM) resolveu se antecipar e decretou a volta do sistema manual. Então, não teremos eleição digital, respeitando o Edital de Convocação do TEM, portanto, ambas as eleições, para Grão-Mestre e para Venerável Mestre das
lojas, serão manuais.
AVD – No dia 6 de fevereiro, o senhor deixa o cargo de Grão-Mestre, devido às eleições. Qual a sua expectativa em relação à atuação do Grande Primeiro Vigilante Silvio Izepom, que assumirá o posto e irá administrar a Glesp durante praticamente cinco meses?
GM – Apesar de ter bastante tempo para atuar, na verdade, como o próprio nome já diz, é um mandato transitório. A administração atual continua, porque só se afastam os irmãos que irão concorrer aos cargos eletivos, praticamente quatro membros da administração deixarão os cargos. Então, basicamente, a política administrativa não muda. Eu conheço o irmão Silvio Izepom pessoal e eticamente, é um irmão totalmente alinhado com a nossa administração, então, acredito que não teremos nenhum percalço nesse período. O ato dessa posse, com todo esse tempo de mandato transitório, é uma falha que temos na nossa Constituição e uma falha do nosso Regulamento Geral, no qual não está muito explicitada essa regra. Isso também deveria ter sido corrigido pelo nosso Poder Legislativo, entre outros tópicos, o que não foi feito, mas esperamos, no futuro, com um Legislativo mais forte, que essas mudanças sejam estudadas e apresentadas em uma próxima administração, algo que é extremamente necessário qualquer que seja a chapa vencedora.
AVD – Segundo o senhor, o Poder Legislativo deveria corrigir essas falhas nas leis, principalmente em relação às eleições. Então, esse tipo de iniciativa não é de responsabilidade do Grão-Mestre?
GM – Exatamente, cabe ao chefe do Poder Legislativo promover essas mudanças, e, assim como o sistema político brasileiro, a Glesp também é composta por três Poderes independentes. O Poder Executivo é o Grão-Mestre, o Poder Judiciário é formado pelos nossos Tribunais e o Poder Legislativo é chefiado pelo Grão-Mestre Adjunto, responsável pelas leis, pelas mudanças na Constituição etc. O Grão-Mestre Adjunto seria o presidente do Congresso Nacional, se compararmos ao Brasil, totalmente independente do presidente da República. Antigamente, o Grão-Mestre era eleito em separado do Grão-Mestre Adjunto, justamente para que houvesse essa autonomia dos Poderes da Glesp. Porém, por intermédio de um ato que foi tomado erroneamente, uniu-se a chapa do Grão-Mestre com a chapa do Grão-Mestre Adjunto, formando uma única chapa com os dois cargos. A última eleição em que os irmãos votaram separadamente para Grão-Mestre e para Grão-Mestre Adjunto foi para a gestão 1995-1998. A partir de 1998, os dois cargos passaram a compor a mesma chapa nas eleições. Já nas outras Potências Maçônicas, como no GOB e no GOP, o Poder Legislativo é eleito à parte. Então, eles têm o Grão-Mestre, o Grão-Mestre Adjunto e um órgão denominado Poderosa Assembleia, cujo presidente não é o Grão-Mestre Adjunto. Dessa maneira, aí sim, fica mais semelhante ao sistema político brasileiro. Nossa administração se parece mais com o sistema americano, em que o vice-presidente é o presidente do Congresso dos Estados Unidos, ou seja, o presidente do Senado.
AVD – Sua gestão também visou às questões de comportamento, atitudes e ações do maçom. Esse paradigma pode influenciar o embate entre os candidatos e o clima das eleições para que sejam mais cordiais?
GM – Em relação à eleição, eu espero que haja bastante transparência, bastante cordialidade. Para chegar ao cargo de Grão-Mestre, viemos de uma eleição anterior na qual praticamente apenas apresentamos propostas, não tivemos nenhum problema na eleição de 2022. Consideramos que foi uma eleição tranquila para ambos os candidatos e esperamos que isso se repita.

MENSAGEM AOS IRMÃOS
Estamos iniciando o importante ano de 2025. Quero dar as boas-vindas a todas as 799 lojas atuantes na Glesp, que retornam aos trabalhos agora no mês de fevereiro. Que seja um ano repleto de realizações, que as oficinas encontrem ou reforcem ainda mais o seu propósito de existência, que sigam em um rumo seguro e profícuo, como uma nau que navega para a prosperidade da sociedade.
Infelizmente, em janeiro deste ano, tivemos a perda do nosso irmão Alberto Feliciano, que ocupava o cargo de Grande Secretário de Educação Maçônica da Glesp. O irmão Feliciano foi pioneiro na educação maçônica e na divulgação de projetos que visam à qualidade do trabalho das lojas. Trabalho este não ritualístico, mas de administração interna das lojas, de incentivo na busca de propósitos, na criação da visão, missão e valores, fazendo com que as oficinas mantenham um ideal de existência e sejam mais capacitadas em estudos e em benemerência, tanto para administrar uma instituição de caridade, como um hospital ou uma escola.
A passagem do irmão Alberto Feliciano ao Oriente Eterno de maneira alguma interromperá ou encerrará as atividades voltadas à Educação Maçônica, oferecida por intermédio do projeto Mentoria da Glesp. O irmão Roberto Nincao está assumindo o cargo de Grande Secretário de Educação Maçônica. Ele também é uma pessoa extremamente competente e de imediato dará andamento e encaminhamento a todos os projetos educacionais da Glesp. Teremos muitas novidades nessa área, alcançando muito mais lojas e irmãos.
Também em 2025, teremos as eleições para Grão-Mestre, que contará com algumas chapas concorrendo aos cargos administrativos da Glesp. Esperamos que seja uma disputa bastante tranquila, transparente e, principalmente, cordial, com apresentação e debate de propostas edificantes para a Glesp.
Como iremos concorrer à reeleição, assumirá o cargo de Grão-Mestre, a partir do dia 6 de fevereiro, o irmão Silvio José Izepom, que está conosco nesta administração atuando no cargo de Grande 1º Vigilante. Eu o conheço há mais de 15 anos, é um irmão muito capacitado e que certamente conduzirá a Glesp com sabedoria e profissionalismo durante o processo eleitoral, seguindo nossa política administrativa até o final deste mandato.
O nosso irmão Claudio Nascimento continuará como Grande Tesoureiro para auxiliar e dar todo o suporte ao irmão Silvio Izepom na administração, assim como todo o nosso eficiente Secretariado, aos quais agradeço imensamente pelo empenho e dedicação demonstrados durante a nossa administração.
Um fraternal abraço e até breve!
Sereníssimo Grão-Mestre Jorge Haddad
Editorial do Sereníssimo Grão-Mestre Janeiro/Fevereiro 2025

Nesta particular ocasião, convido os irmãos a refletirem sobre este momento de transição, em que se delineia a escolha do futuro gestor da nossa Venerável Instituição. A responsabilidade que repousa sobre nossos ombros transcende o simples ato de votar. É um chamado à maturidade institucional, à introspecção profunda sobre o caminho mais virtuoso e a alternativa mais sábia para assegurarmos o contínuo progresso de nossa....
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